Se me pedissem para resumir os problemas envolvendo a Cachoeirinha, Pico do Itapeva e a Biquinha eu usaria somente uma frase: Em casa que não tem pão todos gritam, mas ninguém tem razão!
Todas as partes envolvidas nestes dilemas têm a sua parcela de acerto bem como toda a responsabilidade pelos erros.
Os moradores e comerciantes tinham ciência da ocupação irregular e tiveram tempo suficiente para regularizar a situação ou se articularem para pleitear junto ao poder público uma alternativa de moradia e de negócios, mas aparentemente preferiram dar crédito às promessas politicas e apostar na impunidade comum no país, se deram mal.
O judiciário por sua vez peca por dar brechas demais para quem possui poder financeiro arrastar seus processos indefinitivamente até que caia no esquecimento ou na mão de um julgador que acolha os argumentos de seus advogados como é o caso do resort de luxo que apesar de estar em área própria também cometeu o mesmo delito ambiental dos demais, mas esta levando sua lide até o mais alto tribunal do país.
E esta situação acaba por deixar um gosto amargo de impunidade na boca de quem teve casa ou o ganha pão destruído nestas desapropriações.
O legislativo da cidade como sempre é caso a parte; age como se o problema estivesse acontecendo em algum lugar distante, quase que de mentirinha...
O executivo não deu a devida atenção aos problemas e também apostou na lentidão do judiciário para empurrar o problema para a outra gestão. Em todas as administrações passadas esta estratégia deu certo, mas nesta! Que azar... A corda arrebentou!
Por outro lado ninguém escolhe morar em área de risco, de preservação ou invadida, são consequências das mazelas seculares de um país que ainda tem uma cultura feudal onde os mais ricos possuem muito e os mais pobres absolutamente nada.
Na sua razão o judiciário não pode fazer vistas grossas as ocupações e as construções irregulares que atingem desordenadamente o meio ambiente independente do poder econômico de seu ocupante, pois do contrário seria a institucionalizando da baderna oficialização a tese das leis que pegam e das leis que não pegão.
Quanto ao legislativo! Quem se faz de morto diante de um problema social desta magnitude não tem desculpa. Continua errando em todos os aspectos.
O executivo por sua vez não tem muito a fazer nestas situações tendo em vista que a tomada de decisão de remoção e demolição dos imóveis é jurídica e não administrativa e a área de sedução de nosso prefeito não abrange os corações e mentes do judiciário de Campos do Jordão e menos ainda da vizinha Pindamonhangaba.
A lamentar mesmo é o uso politico de um desastre sócio/econômico para obter ganhos eleitorais com promessas que sabidamente não podem nem de longe ser cumpridas.