Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Zona de conforto.

“Bondade tem limite. Ingenuidade enjoa. Coração quente se esfria. E vingança meu bem, vicia”
Autor Desconhecido

A foto da minha mesa acima, ilustra bem mais um fim de dia comum de trabalho. Mesa ainda cheia de planilhas, orçamentos, notas de entrada e saída a serem lançadas, francesinha bancária a conferir e gráficos de produção e desempenho a ser analisado pela chefia.

Minha função (departamento financeiro) me obriga a estar online durante todo o período de trabalho com clientes, fornecedores e com as instituições financeiras com as quais a empresa opera, sendo que muitos clientes se utilizam dos meios mais comuns e rápidos de comunicação que vai desde o Skype, passando pelo Facebook até o Whatsapp.

Esta disponibilidade de estar durante praticamente duramente o dia inteiro e a semana toda conectado acaba causando estranheza e espanto por parte da grande maioria dos demais trabalhadores que por força de suas funções não podem ter este acesso diário a internet. Fato este que acaba passando uma imagem de facilidades e ócio que não condizem com a realidade diária de quem tem a responsabilidade de responder pelo departamento financeiro de uma loja com mais de vinte anos de tradição em um dos mais importantes segmentos econômicos da cidade.

A jornada de trabalho de segunda a sábado começa as sete da manhã quando já tenho de estar com as maquinas da loja ligadas e termina somente com o fechamento do caixa lá pelas seis e vinte da noite, a hora e meia de almoço por muitas vezes passa desapercebida pelo crescente volume de trabalho diário.

Apesar da rotina cansativa eu gosto. Preparei-me para isso, sou formado na área há vinte anos – turma de Técnicos em Contabilidade de 94 FUNCAMP – nesta época estava casado há quatro anos, já tinha um filho e dava os passos iniciais no ativismo social na cidade.

Nesta caminhada além dos afazeres profissionais fui voluntario e colaborador de inúmeras entidades e sempre me coloquei a disposição de qualquer causa que tivesse o social como objetivo, foram muitos os anos empenhados em fazer a diferença, não posso dizer que foram anos em vão, mas posso dizer que não foram uma pálida sombra do que esperei.

Nestes anos apesar da assoberbada rotina diária de trabalho e de voluntariado não posso dizer que fui um pai ausente, mas deixei sem duvidas de viver muitas emoções e perdi muitos momentos do crescimento de meus dois filhos.

Quando decidi em meiados de 2011 que não desperdiçaria mais o pouco tempo que tenho para dedicar a mim e a minha família e aos afazeres domésticos de um pai de família comum como a limpeza de seu jardim, reparos corriqueiros que uma casa necessita diariamente, sem deixar de lado a minha vocação de critico social, que defenderia somente as minhas convicções e de mais ninguém e que não seria mais um inocente útil não demorou para eu ser enquadrado no hall dos frustrados e alienados habitantes de uma tal “zona de conforto” que admito ter até hoje extrema dificuldade em saber direito o que significa.

Por mais que possa parecer nunca habitei e ainda não habito a tal zona de conforto que tanto incomoda os ativistas de grife da cidade e como a imagem que abre o post mostra, não me sobra mais muito tempo e menos ainda paciência para posar de feliz voluntario de uma sociedade que por três vezes em menos de 12 anos entregou de bandeja a minha cidade e o futuro de todos nós a três aventureiros.

E por incrível que possa parecer consegui ser mais útil a Campos do Jordão e aprendi muitos mais a respeito de seus moradores exatamente quando dei uma solene banana ao nhém-nhém-nhem dos pseudos intelectuais da sociedade local e literalmente chutei o pau da barraca.

Quanto ao Rodger's Special 30 anos... Eu mereço!