Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Um carnaval de hipocrisias - A Tribuna

É fato que o país, e por consequência todos os estados e todas as cidades estão passando por uma das mais sérias crises financeiras dos últimos anos. Mas também é fato que Campos do Jordão vêm passando por uma carestia financeira há muito tempo, e nem toda ela foi gerada por fatores externos ou recentes.

O buraco financeiro jordanense não é culpa do carnaval, e sua origem é bem mais embaixo – ele é o resultado da soma da incompetência dos eleitores de dos administradores por eles escolhidos a cada eleição.

Anunciar em ano eleitoral o cancelamento dos aportes financeiros públicos para a realização do carnaval de rua em uma cidade turística, somente as vésperas de seu acontecimento, dando como desculpa cortes em gastos “desnecessários”, sugerindo um esmero com o dinheiro público que todos sabem muito bem nunca ter existido, não passa de manobra eleitoreira e burra.

Eleitoreira porque a crise financeira jordanense sempre existiu e ela nunca foi empecilho para a realização de outros eventos culturais na cidade com ajuda da prefeitura, como foi o caso do Megacycle no ano passado.

E burra porque Campos do Jordão têm sua economia baseada única e exclusivamente no turismo, e a realização de um evento com visibilidade mundial que tem um grande potencial de atrair mais visitantes para a cidade, não pode ser classificado pela população e menos ainda pela administração pública como gasto, mas sim como investimento.

Se a prefeitura realmente acha que investir na cidade visando atrair mais turistas não é importante para alavancar a economia local, então ela deveria fomentar a criatividade da sociedade civil organizada e empresarial durante todo o ano, criando todas as condições possíveis para que ela absorvesse naturalmente todos estes eventos, oferecendo em troca incentivos e todo o suporte logístico público necessário para a realização destes eventos, sem maiores burocracias ou empecilhos.

Apesar do apelo social e extremamente piegas de não gerar gastos com carnaval em época de extrema carestia na saúde e em outros serviços essenciais, a verdade é que ninguém garante que o dinheiro “economizado” no carnaval terá um destino mais nobre.

Na realidade, este corte nos investimentos no carnaval de Campos do Jordão, usando este viés de responsabilidade administrativa, beneficiará somente os políticos da cidade, que as portas de mais uma campanha eleitoral estão posando de senhores responsáveis, e zelosos protetores dos cofres públicos; E como sempre passaram a batata quente para as mãos dos comerciantes da cidade, que não terão tempo hábil para organizar um evento de qualidade para oferecer aos turistas, e arcarão sozinhos com todo o ônus de mais um fracasso anunciado, amargando mais uma vez enormes prejuízos já no início do ano.

O carnaval não precisa de Campos do Jordão, mas Campos do Jordão mais do que nunca precisa do carnaval - Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí agradecem.