Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

domingo, 15 de janeiro de 2017

2016 Reloaded.

O balanço dos primeiros quatro anos da administração tucana a frente da cidade mais badalada, do estado mais poderoso da nação, não poderia ser pior. Apesar do perfeito trabalho de marketing de sua equipe, que soube como ninguém minimizar as grandes catástrofes, e maximizar os pequenos feitos, não conseguiu maquiar o retumbante fracasso de mais uma administração, pelo menos para quem acompanhou estes primeiros anos sem se deixar envolver pela eloquência do prefeito, nem pelas pirotecnias de seu encantado staf.

Nenhuma meta do plano de governo apresentado aos jordanenses na campanha de 2012 conseguiu ser atingida, nem mesmo nas três principais pastas.

A educação, a saúde e a segurança foram duramente sacrificadas nestes últimos anos, em especial a segurança e a saúde, exatamente as áreas onde as promessas eram as mais fabulosas.

Na segurança pública, nem uma das delegacias distritais ou dos postos fixos da PM foram construídos, o posto permanente da PM no portal ficou no esquecimento, assim como a implantação de um policiamento de trânsito entrosado com os demais poderes não saiu do papel. A reorganização da Guarda Mirim, e a implantação de um sistema de radio taxi, também foram promessas que ficaram esquecidas, da mesma forma que ficou no esquecimento o aumento do efetivo policial civil e militar.

A saúde já debilitada quando de sua primeira posse, não teve destino diferente. As melhorias no atendimento de emergência, o aparelhamento dos postos de saúde, o melhoramento no programa “médico de família”, a adequação de cargos e salários e a construção de uma UTI, ficou como tudo o mais somente nas páginas dos folhetos distribuídos em campanha.

Isso sem falar no heliporto público, na volta do bondinho como transporte público, na reestruturação da zoonose, obras públicas, a reorganização do sistema viário, a construção do planetário e da piscina pública, aquecida, coberta e semiolímpica, todas promessas de campanha devidamente regitradas no STE.

Para quem tiver paciência de reler o plano de governo apresentado na campanha de 2012 poderá confirmar que a lista de promessas é enorme, e contempla todas as secretarias, e mesmo sendo muita extensa, nenhuma das promessas ou metas ali apresentadas foi atingida.


Por outro lado, envoltos em um grandioso esquema de marketing, foram alçadas a categoria de grandes obras, o calçamento de Capivari, de parte da Abernéssia, a construção de três praças e a conclusão de obras que já se encontravam em andamento, como foi o caso do próprio calçamento, e do minúsculo conjunto habitacional da Vila Sodipe, que demorou mais de uma década para ser construído e que estrategicamente só foi entregue as vésperas das eleições... Até mesmo a transferência do Pronto-socorro para praticamente fora do perímetro urbano da cidade decretando o fechamento do Hospital São Paulo e a entrega de ovos de páscoa no campo de futebol conseguiram ser tratados como grandes feitos administrativos.

Sem adversários a sua altura, não por sua competência, mas pela total e completa incompetência dos demais candidatos, beneficiado com a onda antipetista que tomou conta de todo o país depois da deflagração do “Escândalo do Petrolão”, e com a inestimável ajuda de uma equipe de marketing de altíssimo nível - a única coisa que realmente funcionou na cidade nestes últimos anos - o prefeito mesmo tendo feito um governo sofrível nota 0,2 em uma escala de 0 a 100, conseguiu sem esforço algum manter a sua cadeira.

Mas como se pode enganar a todos por algum tempo; alguns por todo tempo; mas não a todos por todo o tempo, as baixas em suas fileiras de fiéis escudeiros, mostra que a máquina marqueteira da prefeitura já começou a se desgastar, dando indícios que a era da “gestão da eficiência” esta começando a chegar ao seu fim.

Alguns elementos completamente deslumbrados com o conceito de “gestão Robert” largamente usado por vários componentes do 2º e 3º escalão do gabinete, que acham que a excessiva exposição pessoal é sinônimo de competência, cujo “poder” que nunca tiveram, mas que mesmo assim lhes subiram a cabeça, estão colocando as manguinhas de fora, achando que a reeleição do prefeito que eles apoiaram é uma espécie de carta-branca da população para causarem cidade afora, mostram que no que se refere à coisa pública, o sepulcro tucano pode estar por fora melhor caiado que os sepulcros de seus antecessores, mas seu interior é igual ou pior que os demais.  

Porém, nada disso poderia ser feito, e nem ter chego a tal estado de balbúrdia, sem a anuência dos vereadores que desde o início de 2012 se colocaram aos serviços do executivo, sem questionar ou atrapalhar a nova ordem política, econômica e social imposta na cidade, chancelando todas as lambanças de um governo extremamente midiático e muito pouco produtivo.

Mas a conta chegou mais cedo na porta da câmara do que no gabinete do prefeito, e a fatura política foi devidamente cobrada nas urnas, e somente um dos treze vereadores conseguiu se manter no cargo. Vamos ver de hoje em diante como vai se comportar a nova composição da casa que tomou posse neste último dia primeiro. Dos treze, dois ou três farão um bom trabalho, mas como não serão a maioria devo adiantar que as minhas expectativas são as piores imagináveis, mas espero ser surpreendido positivamente o mais rápido possível, o que acho improvável, também devo confessar.

Na esteira das grandes mudanças acontecidas em 2016, a fragorosa derrota das velhas oligarquias políticas nesta última eleição tornou seu desmantelamento uma realidade irreversível, abrindo espaço para que três novas lideranças se solidificassem definitivamente na cidade.

Apesar de por enquanto estas novas vertentes políticas aparentarem estar em completa sintonia, as pretensões políticas de dois destes três novos líderes podem acabar desestabilizando esta harmonia nos próximos anos, ou talvez, até mesmo, já nos próximos meses. 

Ainda que nenhum deles admita publicamente, a grande meta de ambos é conquistar o apoio do prefeito para mais facilmente herdar a sua cadeira nas eleições de 2020.

Com um possível desentendimento político (que pode até já estar em andamento) que se vislumbra em um horizonte próximo entre estas duas novas correntes políticas, que visam antes de tudo e de mais nada, apenas suceder a cadeira do prefeito, talvez o atual alcaide, na derradeira hora, opte por uma terceira via que o tire desta incomoda situação de ter de fazer uma “escolha de Sofia” entre seus dois pupilos, e escolha emprestar seu prestigio a um terceiro nome.

Se levarmos em consideração que sua primeira opção, a jovem, e espirituosa primeira-dama infelizmente esta descartada por força do Artigo 14º da Constituição, e da Resolução 22.717 do TSE, fica a grande pergunta: Quem assim como ele, surpreenderia todos os “analistas” e políticos da cidade, e principalmente os eleitores, a ponto de deixar seus dois fortíssimos parceiros políticos para trás e ganhar uma eleição de maneira cinematográfica?

Hoje eu arriscaria afirmar que além destes dois nomes que se fortaleceram muito nas últimas eleições, ninguém mais na cidade reúne força política para tanto, mas se algum outro jovem político reaparecer das cinzas... Tudo pode acontecer, até mesmo o prefeito lavar as suas mãos como fez Pôncio Pilatos e deixar seus parceiros se engalfinharem até o fim. Afinal, estamos falando de política não é mesmo!

Resumo da ópera: O que restou na cidade após a passagem do furacão tucano foi uma segurança totalmente sucateada, educação estagnada, cultura esquecida, esporte completamente apagado da vida e da memória do jordanense, infraestrutura degradada, economia asfixiada, lazer abandonado, turismo esfrangalhado, mais um hospital fechado e para fechar com chave de ouro, ou melhor, para abrir com chave de ouro, transporte urbano de péssima qualidade e a partir do dia primeiro, quarenta centavos mais caro – mas nada disso ofuscou a estrela do chefe do governo que continua aos olhos de grande parte da população sendo um jovem muito simpático, competente e de bom coração; e surfando nesta inexplicável onda de popularidade facilmente elegerá seu sucessor em 2020.

E tudo isso aconteceu e contínua acontecendo bem debaixo de treze longas barbas, que podem outra vez, se arrepiarem tarde demais.

Por derradeiro, é bom lembrar que nem sempre a voz do povo é a voz de Deus. Biblicamente falando, o povo errou feio quando resolveu em um plebiscito, livrar a cara de Barrabás e condenar Jesus Cristo a crucificação.

Diante disso, eu creio que 2017 ainda não começou; estamos somente entrando na prorrogação de 2016. Uma espécie de 2016 reloaded.