Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Retrospectiva 2014.

É praticamente impossível fazer uma retrospectiva detalhada dos atos e fatos políticos jordanenses em 2014. Não sairia uma matéria jornalística, mas sim uma enciclopédia com dezenas de volumes, tantos foram os deslizes e os equívocos cometidos pelos políticos da cidade em apenas 12 meses.

Mas existem fatos que sem duvidas merecem destaque, não somente pelas peculiaridades, mas principalmente para que não caiam no esquecimento.

No esporte o ano é para simplesmente ser esquecido, não somente pela vergonhosa participação de nossa seleção na Copa acontecida em solo tupiniquim, onde depois de gastar o que tinha e o que não tinha para construir vários estádios que serão abandonados, e não completarem nem a metade das obras de acessibilidade, mas principalmente pelos sete gols tomados na semifinal contra a Alemanha entrando para a historia como o maior vexame que uma seleção profissional passou em uma copa.

Se para todos nós brasileiros o ano foi perdido no esporte, em particular para o jordanense a coisa foi muito pior.

Sem planejamento algum o esporte jordanense em 2014 foi completamente abandonado, se não fosse pelo esforço individual de alguns atletas que sozinhos se destacam, e pelo desempenho formidável da seleção feminina de futsal, a cidade passaria totalmente em branco por 2014. Para se ter uma pequena ideia do tamanho descaso, o único Ginásio de Esportes da cidade hoje se encontra com sua luz cortada, e os dois torneios mais tradicionais da cidade, os Jogos da Cidade, e o Torneio da Primavera, simplesmente foram cancelados.

Para a cultura 2014 era para ser memorável, mas o  ano do Centenário da estrada de Ferro, e do Cinquentenário do Palácio Boa Vista não teve sorte diferente do esporte, e também sofreu com a desorganização e com a improvisação de pessoas alheias a historia da cidade. O cinquentenário do Palácio simplesmente foi esquecido, assim como o tradicionalíssimo Festival da Viola que leva o nome de um ícone da comunicação jordanense “José Correa Cintra”.

O Centenário da Estrada de Ferro teve uma pequena comemoração que de tão acanhada passou completamente despercebida pela maioria da população. Comemorações pontuais e dirigidas a um seleto grupo foram o destaque do pífio evento.

Mas realmente a se lamentar foi a perca do maior escritor e historiador da cidade Dr. Pedro Paulo Filho que se foi sem ter uma homenagem sequer a sua altura em vida, mais uma das barbáries cometidas por uma Secretaria que literalmente se empanturra de gibi e arrota Shakespeare.

A educação foi outra área que sofreu demais em 2014, uma das áreas com maior investimento federal e estadual por aqui foi tratado com absoluto amadorismo, depois de um imenso imbróglio na licitação dos uniformes e materiais os mesmos só chegaram as mãos dos alunos no segundo semestre assim mesmo não foi para todos.

Os professores também não conseguiram passar ilesos por 2014, depois de verem alguns benefícios cortados como a ajuda de custo aos professores das escolas rurais, no fim deste ano tiveram a triste noticia do fechamento da Escola do Matadouro que teve como explicação a pior de todas: “Corte de despesas”.

O turismo que é o carro chefe da economia da cidade por mais uma vez atravessou um ano de "vacas magras".

Com um secretario ausente no primeiro semestre a cidade padeceu de projetos para alavancar a temporada, que se não fosse pelo Festival de Inverno totalmente patrocinado pelo Governo do Estado, passaria sem ser notada, tão pequeno o movimento de turistas na cidade.

Com a saída do secretario que na verdade nunca chegou, e com a demora para a nomeação de seu substituto, o segundo semestre juntamente com as festas natalinas também ficaram comprometidas.

Escolhido as presas, e depois de muitas recusas de outros empresários da cidade, o novo secretario, em seu discurso de posse ao invés de um plano de trabalho, anunciou que sairia de férias por mais de um mês.

Se por um lado, a falta de um calendário, e de investimentos públicos foram a desculpa usada para explicar o fraco desempenho do novo secretario em seus primeiros meses de trabalho depois de suas “férias”, por outro, sua improvisação como empresário foi espetacular, principalmente com a “sacada” de deixar estacionado 24 horas por dia na área mais nobre da cidade, mais especificamente em Capivari sua DKW, propagandeando a revelia da Lei Cidade Limpa seu bar temático.

E a saúde! A saúde já tão combalida apanhou como nunca neste ano. Depois de um inicio titubeante. com a manutenção da antiga empresa responsável pelo Pronto Socorro e PSFs, a tão sonhada parceria com o Hospital São Paulo, e o rompimento com a antiga empresa responsável pelo Pronto Socorro e pelos PSFs, enfim foram concretizadas no inicio do ano.

Porem a situação que deveria se normalizar, e aos poucos ter maiores investimentos, não saiu do papel e degringolou de maneira cinematográfica pouco tempo depois.

O não cumprimento nos repasses do acordo da prefeitura ao Hospital São Paulo acarretou em uma imensa divida, que culminou com a demissão de médicos, e com o atraso dos salários dos funcionários, que amargam um fim de ano sem salários, e sem decimo terceiro, assim como o cancelamento de inúmeros atendimentos.

O Pronto Socorro e seus funcionários juntamente com o Hospital São Paulo agonizam sem salários e investimentos, e as paliativas ações de seus diretores somente não são alvo de chacota por se tratar de uma área extremamente delicada e que trabalha com a vida dos que dele necessitam.

A administração direta é caso a parte. Depois de ter um ano inteiro para colocar a casa em dia, 2014 tinha tudo para dar certo, mas não deu!

O ano começou como um rolo compressor, anuncio de convenio para a instalação de um sistema de Gás Natural encanado, contratação de uma super frota de luxo para servir a prefeitura, contratação de uma nova gestora para a saúde e um grandioso Show em comemoração ao aniversário da cidade, foram algumas dos investimentos do novo governo.

Mas a realidade bateu a porta muito antes do previsto, e o castelo de areia construído sobre as nuvens começou a vir abaixo já no processo seletivo da nova gestora de saúde, onde inúmeras irregularidades já foram evidenciadas.

E esta foi a senha para que tudo deste dia em diante começasse a dar errado.

As obras da milionária UBS da Vila Britânia retomadas a pouco tempo começaram a se arrastar e depois do telhado, praticamente mais nada foi feito, os carros aos poucos foram sumindo e o dinheiro público minguando.

Os primeiros sintomas de que a saúde, a educação e o turismo não iam bem começavam a aparecer, e os problemas com os funcionários públicos também se avolumaram.

Mas um sopro de sorte se abateu sobre a administração, e revitalizados com a renuncia prematura de seu maior adversário politico, que declarou em rede social que não mais concorreria a cargos públicos, nosso alcaide não viu mais obstáculos a sua frente, e decidiu colocar literalmente as mangas de fora.

As desavenças com um empresário locado no Morro do elefante, e que já se arrastavam desde a campanha, tomaram proporções dramáticas, com direito a tentativa de invasão, e troca de insultos e agressões físicas. Na esteira deste escândalo uma gravação clandestina de uma reunião que antecedeu dentro do Gabinete, antes de uma destas tentativas de retomada do espaço público a força, uma voz. que até o dia de hoje esta sendo atribuída ao prefeito, desrespeita, e afronta os demais poderes da cidade, em uma cena lamentável de extremo mau gosto e desrespeito pelas demais instituições.

Mesmo com as “forças” retomadas, o agravamento da crise já era inevitável, e o golpe fatal veio com a anulação do suculento aumento dos salários do primeiro e segundo escalão do executivo, que desde então na contramão dos pesados cortes em salários e investimentos, luta com unhas e dentes na justiça para manter seus privilégios.

Os atrasos no repasse para o Hospital São Paulo e para a empresa gestora do Pronto Socorro e dos PSFs eram inevitáveis, assim como o colapso total das demais peças da máquina pública, que chega ao fim do ano respirando por aparelhos.

Diante de todos estes problemas a solução achada foi o agressivo arroxo nos impostos e taxas, única maneira para reforçar o caixa da prefeitura a curto prazo, aumento este que garantirá seus salários e os contratos milionários que em 2015 mais uma vez acontecerão, jogando a conta mais uma vez no colo da população.

O legislativo por sua vez, não ficou atrás em quesito nenhum. Sempre alheios aos terríveis acontecimentos, os nobres edis viveram 2014 em uma realidade paralela.

Envolta em seus próprios problemas a Câmara também teve de conviver com inúmeros escândalos que abalaram suas estruturas.

Logo no inicio de 2014 uma denúncia de um possível trafico de influencia dentro da casa acabou estampado na capa do Jornal Tribuna, fato que foi imediatamente abafado pelos próprios envolvidos no “escândalo”.

Não muito tempo depois, mais uma bomba caia sobre as paredes da Casa de Leis jordanense com uma ação trabalhista, dando conta de que existiam dentro da Câmara vários assessores de vereadores sem registro em carteira, fato que mesmo sendo comprovado, foi esquecido por todas as partes, menos é claro, pelo ex-assessor que ainda peleja para receber seus direitos.

Enquanto a cidade mergulhava em sua mais profunda crise, os vereadores se encastelaram na Câmara, e serraram fileira com o prefeito, aprovando tudo o que lhes eram proposto, até mesmo o aumento nos impostos e nas taxas para o próximo exercício, não antes é claro, de também aprovarem um aumento desproporcional em seus próprios vencimentos, com a esfarrapada desculpa que o substancioso aumento somente entrará em vigor em 2017.

Do lado de cá da realidade, restou aos munícipes o gosto amargo de por mais uma vez terem errado grotescamente em suas escolhas, e a certeza de que os próximos dois anos tem tudo para serem ainda piores que 2014.