Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento.

Campos do Jordão há muito tempo vive das aparências, vende a imagem de uma cidade de primeiro mundo e entrega aos visitantes e cidadãos uma cidade sucateada, completamente arrasada moral e estruturalmente.

A cidade que segundo alguns deslumbrados de plantão respira e transpira cultura por conta do Festival de Inverno, do Festival Internacional de Cinema que passou pela cidade em 2012 sem praticamente ninguém saber de sua existência, com suas cirúrgicas intervenções eruditas e literárias voltadas somente a fina flor da sociedade jordanense.

Que tem um Secretario de Cultura com um sem número de livros publicados, membro da Academia de Letras de Campos do Jordão, se bem que isso não é coisa para se vangloriar tendo em vista que até mesmo o Prefeito que nunca escreveu sequer uma tirinha de jornal na cidade também tem uma cadeira como membro honorário da Academia assim como todos os ex-prefeitos da cidade.

O tipo de homenagem que acaba fazendo o anti-marketing, pois ao invés de agregar valor à entidade acaba por diminuir a sua importância aos olhos da sociedade, uma lastima assim como a cultura em geral na cidade.

A Campos do Jordão que se vangloria de ser fonte de inspiração para muitos artistas é a mesma que sufoca a criatividade de seus jovens, que não oferece nenhum tipo de lazer cultural voltado às massas, que exclui, que marginaliza todas as outras formas de expressão cultural que não a clássica, a erudita a fina...

E é a mesma que abandona seu único cinema, seu único palco e um patrimônio histórico e arquitetônico de valor incalculável para apodrecer.

Não é novidade para ninguém que o Espaço Cultural Dr. Além está há muito tempo abandonado a sua própria sorte. A pouco tempo o próprio Jornal Tribuna publicou uma meteria dizendo que sua restauração seria o principal desafio do novo Conselho de Cultura recém eleito e que por conta da letargia do executivo que ainda não publicou o decreto dando poderes a nova diretoria e sequer indicou seus membros para compor o Conselho se encontra engessado dos pés a cabeça assistindo de camarote o desmantelamento do maior patrimônio cultural, arquitetônico e social da cidade.

Quem desperdiçou um segundo de sua atenção nestes últimos dias pode constatar que a lateral direita do cinema como ainda é conhecido por muitos esta interditada com uma faixa de segurança por conta do desmoronamento parcial de sua testeira onde se pode verificar o total apodrecimento da estrutura de madeira de seu telhado.

Mesmo diante desta tragédia anunciada a única movimentação de que se tem noticias por parte dos órgãos responsáveis são de maneira extra oficial dando conta que vários departamentos da prefeitura que podem de alguma maneira ter de responder pelos prejuízos matérias, históricos e se nenhuma outra medida for tomada com urgência até mesmo físicos se alguém for atingido pelo material que esta se desprendendo de seu atelhado iniciaram uma correria para elaborar laudos e pareceres se municiando de toda a documentação possível para jogar a batata quente nas mãos de algum desavisado ou até mesmo nas mãos do Conselho como uma espécie de presente de grego.

Enquanto os políticos, a classe artística e a alta sociedade jordanense fazem caras e bocas nos saraus e coquetéis cidade afora desfilando uma aparência de sucesso e glamour que literalmente não possuem nossa historia esta se desfazendo ao tempo.


Campos do Jordão... Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento.