Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Leitor blasé.

Para qualquer jornalista a crítica é apenas uma consequência de seu trabalho, seja ele bem ou mal feito.

Já o desrespeito não passa disto mesmo. Desrespeito!

A minha última coluna no Jornal A Tribuna me rendeu um belo ‘puxão de orelhas’ de um leitor completamente indignado com seu título em inglês.

Até aí, tudo bem! Acho completamente normal e compreensível, até mesmo instigante quando alguém não concorda com a minha linha de raciocínio! E por princípios pessoais e não profissionais não tenho o hábito de questionar quem não compartilha de minhas convicções, para quem acha que sou uma unanimidade! Sinto muito informar: Não sou nem dentro da minha casa! Graças a Deus! Mas por que então, este rompante em especial merece a minha atenção? Porque a forma agressiva como o leitor em questão de dirigiu a mim fez com que meu feeling jornalístico acendesse uma luz vermelha me alertando a respeito de uma possível tentativa de censura, para não dizer de intimidação!   

Em sua bem redigida, mas extremamente deselegante mensagem a redação do Jornal, entre outras coisas, o melindrado leitor me classificou de ridículo e exibido, e ironicamente sugeriu que em minha próxima coluna fizesse o titulo em esperanto ou latim para expor toda a minha versatilidade linguística... (Devo confessar que gostei da sugestão! Quem sabe já na próxima...) Em nenhum momento no decorrer da mensagem o leitor teceu críticas ao conteúdo da coluna se atendo somente a provocação e ao ataque pessoal.

Pois é! Ser jornalista em cidade pequena nem sempre é fácil como alguns propagandeiam. A “brincadeira” sai cara, e o retorno é isso aí! Mas como não levo a vida e muito menos o jornalismo a ferro e a fogo, sei que todas as críticas são mais bem-vindas do que os elogios, por dois simples motivos: Primeiro, porque as críticas sempre são sinceras, já os elogios... Nem sempre! Em segundo, e mais importante, porque a crítica me leva a reflexão e a reavaliação de meu trabalho, e isso sim é o mais relevante!

A equivocada avaliação de minha colaboração no Jornal A Tribuna acabou por me dar a oportunidade de explicar ao inconformado leitor, e aos demais, que estrangeirismo na língua portuguesa não é uma invenção minha. Quem dera! Esta prática apesar de não ser bem vista por muitos é uma ferramenta legítima que qualquer jornalista pode usar para chamar a atenção do leitor, descrever termos técnicos como as expressões latinas usadas na linguagem jurídica ou simplesmente atingir um público específico.

Para quem acha que o estrangeirismo pode ser uma ameaça a língua portuguesa, lembro que este fenômeno assim como qualquer outro, é apenas um modismo de época. Quem tem mais de 60 anos (que aparentemente é o caso do leitor agastado) deve se lembrar das aulas de Francês no ginásio nas décadas de 50 e 60. Isso mesmo! Na primeira metade do século XX a moda não era o inglês, mas sim o Francês, e expressões como: Abajur, balé, batom e toalete, foram incorporados ao nosso vocabulário sem causar prejuízo a nossa identidade nacional.

Nos dias atuais quem nunca fez um “backup” em seu computador, não guardou suas músicas preferidas em um “pen drive” ou fez um “chek-in” no “WhatsApp”?

No meio jornalístico jargões como: “briefing”, “release”, “copyriht”, “off” e “deadline” são usados naturalmente sem comprometer o nacionalismo nem a comunicação com o público.

Desta maneira, usar palavras de outras línguas pode não ser usual ou bem visto como foi o ocorrido com o leitor que ficou desconfortável com o título de minha última coluna, mas creio que chegar ao extremo de classificar de grotesca e exibicionista foi no mínimo um exagero que evidencia o nível do provincianismo encalacrado em algumas camadas da classe média e alta da cidade até os dias de hoje.

Apesar de parecer, o título não foi um estrangeirismo mal empregado. O título não passou de uma galhofa roqueira deste jornalista que apenas uniu suas duas paixões – o rock e o jornalismo. Como sempre fez aqui no blog.

Para quem não conseguiu entender o título, ou não conseguiu fazer a conexão dele com o texto, explico: A frase da discórdia foi extraída da primeira estrofe de um clássico de Elvis Presley - “A little less conversation” - que em tradução livre quer dizer: “Um pouco menos de conversa, um pouco mais de ação, por favor!”. (O vídeo com Elvis interpretando este clássico para quem se interessar esta disponível no blog).

Ora bolas, gente! Hoje, qualquer dúvida sobre qualquer assunto, é só dar um “Google”, não é mesmo!?

Enfim! É direito de qualquer um não concordar com o conteúdo de minhas colunas, mas tentar desqualificá-las acintosamente com argumentos que apesar da aparente elegância e sabedoria salomônica, não se sustentam em seu próprio conteúdo, não me farão recuar em minhas analises, e apenas confirma que o “x” da questão não é a forma como escrevo, mas sim o que escrevo.

Para os desavisados de plantão sinto informar que apesar da torcida, não sou caneta de aluguel, não devo favores a ninguém e muito menos sou credor de favores alheios.

Apenas valorizo a minha independência e sou coerente nas minhas convicções.

Mas o que mais me deprimiu nesta desinteligência foi o fato de um clássico de Elvis Presley, o Rei do Rock, que se vivo fosse teria hoje 82 anos, ou seja, seria um senhor já na terceira idade, foi simplesmente ignorado por um contemporâneo de sua obra.

Quem não respeita o passado, não tem direito de questionar o presente.

Jornalismo em cidade pequena não é profissão. É sacerdócio!


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