Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Falta de sintonia - Hoje em Notícias


O fim da filarmônica.

Com grandes cortes em seu orçamento, o 46º Festival de Inverno de Campos do Jordão, o maior em seu gênero na América Latina passou por sérios problemas financeiros e teve uma edição muito aquém de sua tradição, e acabou terminando de forma melancólica neste ano.

Na apresentação de encerramento do Festival, a maestrina Renata Cristina Ortiz de Villate, responsável pela Filarmônica de Campos do Jordão, para espanto de todos os presentes, anunciou que aquela apresentação não se tratava apenas do encerramento da 46º edição do Festival de Inverno, mas também da apresentação de encerramento da própria Campos Filarmônica.

Pego totalmente de surpresa o Secretario Municipal de Cultura da cidade, Benilson Toniolo, se retirou do auditório antes mesmo do inicio da apresentação em protesto contra a decisão da maestrina que segundo ele foi tomada de forma precipitada e unilateral.

Em tom de desabafo a maestrina agradeceu os incentivos da prefeitura e os patrocínios recebidos dos empresários da cidade nestes cinco anos de existência da Campos Filarmônica, mas concluiu seu breve comunicado afirmando que os incentivos públicos e os patrocínios empresariais recebidos até então não eram suficientes para manter o projeto em andamento.


Sem um entendimento entre a prefeitura que se diz surpresa com a decisão, e com a regente responsável pelo projeto que afirmou em um comentário ter entrado em contato diretamente com o prefeito para expor todas as dificuldades por qual vinha passando antes de tomar sua decisão, a Campos Filarmônica encerra suas atividades até segunda ordem.

Falta de sintonia.

O desabafo da Maestrina Renata Cristina no encerramento do festival e a reação do secretario de cultura do município apesar das negativas deixou clara a falta de sintonia que existia entre a Campos Filarmônica e a prefeitura.

Apesar de o secretario se demostrar bastante surpreso e afirmar que trabalhava em sintonia com o projeto, e que prospectava parcerias para viabilizar os compromissos contraídos pela Filarmônica, a verdade é que ninguém acaba com um trabalho de cinco anos e desta magnitude unilateralmente e sem um bom motivo.

O pronunciamento feito antes da apresentação apesar de sucinto não deixou margem de duvidas a respeito da falta de comprometimento do poder público para com o projeto.

Apesar dos funcionários ligados a secretaria e até mesmo o secretario se esforçarem para manter o calendário da secretaria, e viabilizar novos projetos, a realidade é que a verba destinada à secretaria em sua grande parte é consumida pela própria folha de pagamento inviabilizando a manutenção de qualquer projeto destinado à cultura na cidade, o que deixa claro que a pasta da cultura apesar de muito importante, não é levada a serio pela administração, que cumpre aparentemente a contra gosto a Lei que a criou em 2009.

A decisão de anunciar em público o encerramento de suas atividades pode não ter sido a mais conveniente para as autoridades politicas presentes no evento e para algumas pessoas que acham que em Campos do Jordão a cultura deve ser produzida somente com boa vontade e o voluntariado dos artistas, mas foi com certeza a maior contribuição que um artista fez a cultura da cidade desde o inicio do Festival de Inverno em julho de 1970, pois expôs de maneira concreta o antagonismo dos discursos políticos dos gestores públicos da cidade.


Sonho abortado.

Apesar da cidade servir de cenário para o maior evento de musica erudita da América Latina a mais de 40 anos, a Filarmônica de Campos não é o primeiro projeto cultural dirigido aos moradores da cidade a ser vitima da insensibilidade das autoridades públicas municipais e estaduais.

Há muito tempo o único Centro Cultural que também abriga o único cinema da cidade, funciona de maneira precária, e seu histórico prédio sem manutenção adequada se deteriora anos após ano não oferecendo boas condições para receber espetáculos ou exibir filmes.
No inicio dos anos dois mil foi à vez da Banda Sebastião Gomes Leitão ser extinta sem maiores explicações deixando dezenas de músicos da cidade a ver navios.

Porem o que poucas pessoas sabem é que a extinção destas corporações musicais e o abandono do Espaço Cultural Dr. Além não foram os maiores cortes em investimentos culturais dirigidos a cidade.

Um grandioso projeto cultural avaliado em mais de 20 milhões de reais que já se encontrava em avançada fase de licitação pelo Governo do Estado estranhamente foi engavetado da noite para o dia.

Trata-se da construção do Centro de Vivencia Musical que deveria ser construído próximo ao Auditório Claudio Santoro a partir de 2010.

O Centro de Vivencia Musical era um ambicioso projeto que objetivava a construção de um conservatório de música na cidade, construção estimada em mais de 20 milhões de reais.

A construção deste conservatório não somente alavancaria a cultura na cidade como também fomentaria toda a sua economia.

Depois de passar por vários estágios licitatórios o projeto segundo informações passadas pela própria ouvidoria da Secretaria de Cultura do Estado, foi arquivado pelo gabinete do secretário sem maiores ou melhores explicações.

Com estas constatações podemos afirmar sem medo que investir na cultura em Campos do Jordão não é de interesse nem do município e muito menos do estado.

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