Frase do dia

“Não sou contra o governo com o intuito de me tornar governo. Sou contra o governo porque ele é contra o povo”

Reginaldo Marques

quarta-feira, 2 de maio de 2018

O defunto carregando o morto - Saquarena em Noticias


Mais uma grande tragédia se abate sobre um dos arranha-céus da capital paulista.

Um incêndio de grandes proporções, seguido de desabamento de um prédio de 24 andares, invadido por um dos braços do MTST, no Largo do Paissandu, centro de São Paulo, na madrugada do primeiro de maio, será em breve apenas mais uma tragédia que entrará para as estatísticas mórbidas do Brasil.

Por um breve período de tempo a sociedade e a imprensa vão cobrar das autoridades competentes a apuração das causas e a punição dos responsáveis, até que tudo caia no esquecimento, como é de costume.

Assim é o brasileiro, acorda revoltado diante de uma tragédia e volta a dormir em berço esplêndido logo depois, deixando o culpado ou culpados impunes.      

E por que mais esta terrível tragédia vai acabar caindo na vala comum do esquecimento e ninguém vai ser responsabilizado? Porque a culpa não é individual e nem coletiva, mas difusa. Ou como popularmente se costuma dizer: A culpa é de todos e de ninguém.

A única coisa nova que aconteceu, em mais este lamentável episodio, é que os ditos movimentos sociais, os tais “coletivos” formados nas coxas, resolveram admitir publicamente que apesar dos discursos populistas e anticapitalistas, na prática, adotam a mesma covarde atitude dos poderes públicos e da sociedade em geral... Ninguém se responsabiliza por nada e sempre são os outros os culpados por tudo o que dá errado. Como sempre, ninguém quer ser pai de criança feia.

Se por um lado o poder público não se sensibiliza diante da situação de extrema miséria que uma expressiva parcela da população brasileira vive, por outro, esta mesma miséria vira moeda de troca nas mãos dos salvadores da pátria, travestidos de lideres sociais, que tiram proveito da ignorância e principalmente do desespero destas pessoas para amealhar lucro político e até mesmo financeiro.

Diante desta irresponsabilidade individual, coletiva e difusa o que fica evidente para as vítimas de mais uma tragédia é que a relação entre o poder público e os coletivos sociais é a mesma daquela onde o defunto carrega o morto.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Brasil 40 graus - Saquarema em Noticias


De quem é a culpa pelo crescente clima de violência entre partidários pró e contra a candidatura petista?

Existem muitos culpados e muitos elementos que fomentam este clima belicoso que se espalhou por todo o país e seria leviano apontar o dedo somente em uma única direção, mas também seria leviano não admitir que o comportamento, nada republicano, do STF tem contribuído em muito para o crescimento do nível de irritação no país.

Não é de hoje que os Ministros do Supremo Tribunal Federal estão enfiando os pés pelas mãos desrespeitando o texto Constitucional que deveriam proteger.

A prisão em segunda instância é apenas mais uma de várias decisões completamente equivocadas tomadas pelos togados aloprados de Brasília nos últimos anos.

O caso Cesari Battisti, os embargos infringentes do mensalão, o afastamento de parlamentares de suas funções sem o aval do Congresso e o fatiamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff foram alguns dos vários enganos cometidos pelos Ministros do STF que provocaram um clima de insegurança jurídica nunca antes visto no país.

Quando o texto Constitucional é claro a hermenêutica não passa de chicana narcisista.

O mal maior já foi feito em 2016 quando a maioria do STF aceitou a tese da prisão em segunda instância e mudar este entendimento agora, as vésperas da prisão do ex-presidente Lula, demonstra casuísmo e evidência a existência da jurisprudência por encomenda provando que o comportamento do juiz Rocha Mattos, que “vendia” sentenças, não é exceção, mas a regra.

O STF já esta completamente desmoralizado perante a opinião pública, agora só nos resta saber se os Ministros irão se recolher a sua insignificância e tentar manter o pouco que restou de sua dignidade ou se vão, sem maiores cerimônias, jogar na lata de lixo da história a credibilidade de todo o judiciário brasileiro.

Qualquer que seja a decisão do STF, ela causará descontentamento e conflito e, se deste conflito surgir um cadáver... Ele deverá repousar nos braços dos 11 Ministros do STF.


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Geração floco de neve. - Jornaleco

Quando eu era pequeno, lá na Vila Britânia, umas das coisas que eu mais queria era chegar logo nos anos 2000.

Achava que tudo seria diferente no novo século, no novo milênio. Ledo engano! Como se fosse uma espécie de maldição lançada por alguma bruxa, abandonada no altar pelo príncipe encantado, o atraso social cresceu vertiginosamente mais do que os avanços tecnológicos.

O ar está irrespirável, pesado e os poucos espaços restantes com ar puro está preenchido por uma ansiedade fora do comum e coalhado de constrangimentos, hoje tudo faz mal para a saúde, engorda ou é imoral.

Viver se tornou um sofrimento, uma agressão as minorias ou uma submissão a maioria.

Nada mais dá prazer pelos simples fato de ser.

Percebi que criamos uma geração de jovens bitolados, mimados, caretas, petulantes, rabugentos, reacionários e vitimistas, completamente sem sal e sem açúcar... Aguados! Uma geração que não tem tesão em nada, por nada e por ninguém. Uma geração que jogou no lixo uma liberdade nunca antes experimentada por nenhuma outra geração na história da humanidade. Gente atrasada a ponto de querer moralizar a anarquia estabelecendo limites para garantir que nada ou ninguém contrarie a sua concepção de certo ou errado.

Essa gente “inteligente” precisa saber de uma vez por todas que se elas não são obrigadas a nada, os outros também não são. Isso é diversidade, isso é respeito, isso é democracia.

Descobri que era feliz e não sabia! Descobri que viver no passado era mais leve e quem viveu intensamente as últimas três décadas do século passado sabe muito bem do que estou falando.

No passado as coisas fluíam com mais naturalidade, ninguém se importava com o que a sociedade ou os outros pensavam, as pessoas apenas curtiam o momento. Viviam e deixavam os outros viverem intensamente.

No século passado a Xuxa apresentava um programa infantil com menos roupa que rainha de bateria sem se preocupar em ter sua vida devassada pela patrulha do politicamente correto, as músicas que faziam mais sucesso nas danceterias nos anos 90 eram de bandas gays e ninguém estava nem aí, até o Bozo curtia seu “padê” sem se preocupar em ter sua vida desmantelada pela milícia dos moralistas de redes sociais.

Descobri que produzimos um número absurdo de pessoas que estão passando pela vida sem o prazer de vivê-la.

Descobri que a melhor coisa que me aconteceu neste século novo foi ter passado a infância e a juventude no velho.

Crianças... Vivam a vida! Beijem na boca, dancem, reúnam os amigos para ouvir música, para conversar sobre tudo e principalmente sobre nada, não sejam tão recalcados e opressivos com sigo mesmos, saboreiem a vida e riam dela, pois mais tarde naturalmente quase nada mais terá muita graça.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Team Oprah ou team Deneuve?

Dizia meu pai, com toda a sabedoria que seus mais de 90 anos lhe proporcionaram, que tudo na vida tem o seu limite.

Este talvez seja o grande mal do novo milênio... Os excessos.

Excessos que chegaram com força total no mundo feminino que foi atingido, já nos primeiros dias de 2018, por duas grandes bombas: O discurso emocionado de Oprah Winfrey no Globo de Ouro, defendendo o denuncismo nos casos de assédio, que apesar de assertivo e correto, também carregava uma inquestionável carga oportunista e eleitoreira e o manifesto das francesas capitaneado pela atriz Jaqueline Deneuve que acusa o movimento #Me too de cercear a liberdade sexual das mulheres impondo um puritanismo reacionário que contrária a tão desejada liberdade feminina nos dias de hoje.

A verdade é que a obsessão na busca pelo empoderamento feminino a qualquer custo está tendo um resultado adverso e ao invés de unir as mulheres em torno um objetivo comum acabou dividindo o mundo feminino entre o team Oprah e o team Deneuve.

O assédio é um problema real e os assediadores precisam ser exemplarmente punidos, mas querer apagar da história a obra dos acusados mostra que estas mulheres não estão apenas atrás de justiça, mas principalmente de vingança.

As mulheres correm o sério risco de perderem a grande oportunidade de mudar a sociedade ao usar as denúncias de assédio como arma contra os homens e não como ferramenta de defesa das mulheres.

Ao apoiar este tipo de estratégia corremos o risco de regredir a época da inquisição, onde somente a denúncia, mesmo que vazia, tinha o monopólio da verdade.

Dentro deste aspecto é sempre bom salientar que o assédio não é exclusividade de homens brancos héteros e ricos, o problema é bem mais amplo e complexo que isso e a simplificação do assédio o reduzindo a um atributo estritamente racial, sexual, elitista e masculino acaba marginalizando as vítimas dos assediadores que fogem a estas características predeterminadas.

A grande questão que deve ser resolvida pelas mulheres neste momento é definir se o tão desejado empoderamento feminino se resume apenas ao dever de apoiar Oprah ou no direito de apoiar Deneuve.